Um brinde a doçura do rio e ao salgado do mar... Ao suor que auxilia o homem a alcançar seus sonhos... Ao sorriso de uma criança que desperta em nós a decência poética... Um brinde também à ignorância cruel, que torna nossa bondade ainda mais bela e visível, desafiando a inteligência a desenvolver-se com graus satisfatórios de conhecimento aplicado...
Shakespeare escreveu um dia que “quando fala o amor, a voz de todos os deuses deixa o céu embriagado de harmonia”... Que os deuses, então, resolvam embriagar-se brindando o amor que ainda habita em nós...
Brindemos também à sabedoria de Clarice Lispector que nos orientou a nos render como ela se rendeu, mergulhando no que não conhecemos como ela mergulhou, não nos preocupando em entender, nos ensinando que viver ultrapassa qualquer entendimento.
Somos uma espécie de veículo que pode ser usado para transportar a luz divina em caminhos escuros, trazendo a paz necessária ao mundo humano... Engana-se quem acredita que este mundo chama-se Terra... O planeta que habitamos é o interior que nos faz parte... O sol é a alma que nos movimenta; a luz, o coração que nos torna apaixonantes e apaixonados; as estrelas, o sonho que nos guia; O ar? O ar é simplesmente a vida que nos ensina a nos aproximarmos de Deus...
Saúdo o amor manifesto em sua diversidade... Saúdo a amizade que entrelaça o poder humano... Saúdo a transparência das lágrimas, que originadas ou não pelo sofrimento, são capazes de despertar em nós suspiros sagrados... Saúdo também o sorriso que, quando originado pela sinceridade, transforma qualquer pecado em ato divino... Proponho um brinde ao que iremos plantar em 2011... Desafio a tristeza a derrotar minha alegria... Não pela prepotência incrédula, mas pela fé resgatada... Abro a porta do meu coração, dou passe livre à bondade para que a mesma possa renovar minha alma imortal... Que este novo ano desperte em nós o prazer em construir o bem estar de nossos semelhantes.
Aproveitar a transição do ano é aproveitar a oportunidade de mudar nossos atos e reciclar nossas atitudes, pois assim como Pablo Neruda disse, morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito...
Feliz 2011...
Daniel Caldeira