“Não importa saber se a gente acredita em Deus: o importante é saber se Deus acredita na gente...” Mario Quintana

Um ponto de vista meu:

Eu chorei quando nasci... Mas sorri ao sentir a presença de minha mãe...

Eu caí quando aprendi a dar os primeiros passos... Levantei ao perceber que não estava sozinho...

Cresci... Fui colocado na escola para aprender acima de tudo o significado da convivência...

Aprendi a brincar, a correr, dando espaço para o tempo fazer de mim um homem feito...

Este tempo trouxe então algumas mudanças para meu corpo...

Mudanças que despertaram em mim os desejos...

 Desejos que se misturaram aos meus sentimentos...

Então, além do pronunciamento de meu corpo, ouve também o grito exagerado do meu coração, ecoado dentro do peito de uma adolescência explosiva, intensa...

O tempo assim me trazia a primeira paixão... Pena que uma paixão solitária...

As pessoas e os exemplos haviam me ensinado que um homem deve se apaixonar por uma mulher... Eu involuntariamente questionei este ensinamento...

Neste momento pensei que Deus jamais fosse um dia gostar de mim... E por acreditar nisso, tranquei-me num quarto de silêncio... Feri-me com a ignorância de meu próprio preconceito...

Calei meus sentimentos e mergulhei num mar de tristezas sentindo-me impregnado por impurezas...

Questionei meus valores e me redimi ao que de mais podre poderia existir...

Uma fase de mentiras ditas a mim mesmo, invadiu o meu tempo e o meu espaço...

Não tinha coragem de encarar a Deus em oração... Não me sentia digno disso... Tampouco me sentia filho de Deus...

Para minha surpresa, ou melhor, para minha grande surpresa, neste momento, senti Sua presença misturada a minha vida...

Deus então usou a voz de minha essência, acelerando os batimentos de meu coração...

Permitiu-me viver, como se Sua voz dissesse algo que fosse dar sustentação a minha existência:

É preciso viver a sua sexualidade... Aprender com tudo isso... Moderar suas atitudes, equilibrar seus desejos com os seus sentimentos... A  multiplicação foi criada não apenas pelo sexo, mas acima de tudo pelo amor... O amor universal, que não vê sexualidade, que não enxerga o preconceito... Multiplicar-se não significa deitar-se com uma mulher e fazer dela a terra que brotará sua semente... Multiplicar-se é propagar o amor, é praticar a caridade, é tornar possível a Presença Divina no dia a dia humano... É trazer para perto de ti, pessoas que necessitam conhecer a Fé que Deus deposita no homem... Todos são fontes de luz... Todos receberam esta luz como herança de um Deus vivo...Deus que “morre” na fantasia do irreal, para nascer nas atitudes do amor que ainda habita em cada ser vivo...Este Deus está muito mais presente no beijo dado com sentimento de um homem para com outro homem, do que na violência praticada através do impulso de qualquer ação preconceituosa...

A vida se ascende, cria forma, multiplica carinhos e escolhe caminhos... Ela não é solitária, e por si se multiplica, gerando amor, tolerância e respeito, trazendo sentido ao mundo... Esta é a vida que habita o corpo humano, que traz movimento a sua jornada... É o próprio Deus em equilíbrio, atitude em fragmentos... A vida é escolha... E esta escolha é nossa!!! Eu acredito em Deus e tive a certeza que Ele também acredita em mim quando vi nos olhos de minha mãe o orgulho que ela sentiu ao me ver propagar os valores que carrego e defendo, na noite do lançamento do meu livro...O filho de minha mãe é homossexual... Nem por isso um dia deixará de ser também Um Filho de Deus!!!!!!!!!!!!

Daniel Caldeira