Se o mundo chovesse lágrimas e o dia se iluminasse em sorrisos, a vida continuaria sendo frágil e o homem ainda seria predestinado ao sucesso...
Quando uma vida se apaga na terra, os olhos daqui choram em despedida enquanto os lábios de lá se abrem em festa...
Fizemos a passagem e optamos pelo desejo da melhoria evolutiva... Quando um ciclo se conclui, devolvemos a terra o que é dela e nos dirigimos ao encontro de nossas origens, muito além daquilo que imaginamos ser...
Quando caímos, a fragilidade do físico nos possibilita a sentirmos a dor... No momento que a sentimos, nosso coração sensibiliza a nossa alma e a mesma transmite ao nosso cérebro a vontade que precisamos para puncionar nosso corpo a nos levantar quantas vezes forem necessárias...
Abro os olhos e não enxergo a vida... Fecho os olhos e a percebo em tudo que me cerca... Não pareço ser dono de mim... Construo-me conforme as experiências que me são apresentadas... Peço a Deus para que a sabedoria acompanhe minha mente e a humildade se aposente em meu espírito... Meus erros não são minhas punições – são as setas que me indicam qual caminho devo seguir...
Eu vejo estrelas no céu e ainda assim não posso tocá-las... Sinto a presença do Divino e o máximo que posso fazer é oferecer meu coração em forma de aposento e esperar para sentir um abraço Dele...
Quando me olho no espelho, vejo-me como peças fragmentadas de um complexo quebra-cabeça... Há momentos em que elas se encaixam... Há outros que por mais que eu tente, ficam dispersas sobre a superfície plana de um marasmo sem curvas...
Talvez a decisão mais sábia que tivemos foi o dia em que escolhemos ocupar este espaço com o simples propósito de tentarmos “montar” a nossa vida... Pedaço por pedaço quando bem encaixado, torna-se uma obra única e completa... Grandes edifícios são erguidos assim e só conseguimos visualizar a sua grandiosidade quando todos os tijolos se juntam para alcançar o topo que foram predestinados a alcançar...
Posso montar-me e desmontar-me várias vezes... As dificuldades podem misturar e confundir-me em pedaços que o tempo se apresentará a mim, oferecendo-me o espaço necessário para que eu conclua a minha obra...
Uma vez concluída, emolduro em ouro misturado a mirra e registro minha imagem refletida em mais uma das páginas que fazem parte da minha trajetória...
A vida me faz um quebra-cabeça... Cabe a mim decidir montá-lo.
Daniel Sebastian Caldeira
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