quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Nova Resenha - Agora de André Camargo (Blog Das Loka)

...Tenho um coração colorido...
Que me perdoem os que vivem no mundo preto e branco...


Esta frase de David na capa do livro me chamou atenção, confesso que logo nas primeiras páginas achei se tratar de um melodrama, mas do capítulo dois em diante Léo o grande artífice da história me prendeu até o último ponto (desculpem a redundância) final.
Não sei explicar, o livro é uma mescla de drama, reflexão e poesia. Não existe maneira de resistir, pois a todo instante me via preso a ele, apenas posso qualificar “O Caderno de David” como um espelho de 314 páginas.

A todo instante me identifiquei com as diversas histórias contidas ali, também vi amigos, alguns que já partiram ou que vivem sob a escuridão do medo e outros tantos soltos das amarras do auto-preconceito.

Você que me lê, dirá, você falou e falou, no entanto não disse nada. É proposital, pois não quero ser aquele tolo que conta o filme, nesse caso o livro.

Daniel Caldeira conseguiu em letras simples, fortes e leves construir um livro (escrever acho pouco) capaz de desconstruir nossos próprios preconceitos, nos levar para milhões de realidades contidas em um único núcleo de personagens, assim como na nossa vida, quantas vezes não vivemos milhões de histórias ao mesmo tempo.

Léo o grande personagem da história é um mortal, um homem apenas, cheio de dramas, medos, preconceitos, dúvidas e receios, ou seja, cada um de nós. Ele apenas reflete nosso eu, tão frágil diante das dores da vida.

Léo Braga é um misto de Narciso, Édipo e Hamlet, e como estes outros personagens, apenas um homem em busca de respostas, às vezes contidas dentro de si mesmo. E como nós, prefere não crer nas verdades do coração, se prendendo às dores.

David é o oposto, cheio de vida, transmite esperança e força contidas numa fragilidade imensa. Ele não é o grande personagem é o enredo de toda história, é a roda viva que torna real toda a novela.

Não terei palavras para explicar David, pois ele aquela luz em meio à escuridão, apenas quem ler saberá compreender estas linhas.

Quantos aos outros personagens eles são os elementos da nossa vida, às vezes os atores com quem atuamos em nosso enredo real. Só ressalto Alice, uma mulher que transcende entre a dor mortal e superação divina.

Não contarei mais detalhes pois quero leiam o livro, “O Caderno de David” não é daqueles livros pra ler apenas com olhar critico, é daqueles que te leva das lágrimas à indignação, passando pela emoção, paixão e até risos.

Daniel conseguiu criar uma grande caixa de pandora, que ao transcorrermos suas páginas todos os sentimentos humanos fogem ao nosso controle, ficando apenas a esperança.
“O Caderno de David” é um livro para ser lido e relido (até agora já li três vezes), e cada vez uma emoção diferente lhe toca.

Não é um livro erudito, que cansa logo nas primeiras páginas, ou que você tenha de voltar cem vezes para entender um parágrafo e às vezes andar com o dicionário ao lado. Pelo contrário, Daniel conseguiu tornar universais suas letras, fazendo o livro ser entendido do doutor ao colegial. Também não é um livro para faixas etárias, pois do jovem ao idoso, todos irão se emocionar.

“O Caderno de David” são as páginas da vida de todos nós, homossexuais, bissexuais, transgêneros, heterossexuais, enfim, de todos nós gente humana que sofre, ri e vive, seguindo sempre em frente.

Espero esta história comover seus corações e amanhã estar nos palcos e telas.




André Camargo, Blog Das Loka

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