domingo, 31 de julho de 2011

Coração Colorido


A vida tem suas cores que se misturam entre ódios e amores... Da paz eu tiro o branco e procuro com ele clarear o escuro da minha guerra... O azul também me acalma... Mas quando o marasmo toma conta de mim, o vermelho da paixão transcende o cinza da solidão e me faz enxergar os movimentos de um amarelo dançante outra vez...

Quando busco conexão com o Divino, os olhos se fecham e meu escuro se torna claro... Minha vida em cores na grande tela que posso vir a ser... Meus traços me dão forma... Minha assinatura é meu sorriso... Minha destruição, a ausência de mim mesmo...

Escolho as cores para compor o meu dia... De fundo procuro cores neutras... Fico imaginando que cor Deus escolheu para pintar a minha essência... Quero dar solidez ao meu futuro incerto... Quando recebo amigos, uso cores alegres para celebrar a vida... Enquanto o azul me inspira, o laranja me seduz...

Se procurar olhar nos olhos de qualquer ser humano, verá branco em todos eles... Se dizem por aí que o espelho da alma são os olhos, refletimos a mesma cor sempre... Então, engana-se aquele que achar-se superior ao outro por refletir na pele um tom diferente...

A vida se apresentou numa folha em branco... Meus primeiros rabiscos já trilhavam o meu caminho... Traços e curvas, pontos e vírgulas... O que é a escrita se não o desenho da fala?

O maior dos escritores escreve a vida pelo mundo e os diálogos através dos homens... Diferente de qualquer outro escritor, Ele inicia o parágrafo... Nós definimos a trama...

As cores se movimentam e materializam-se em nobres sentimentos... Para aqueles que não enxergam o mundo através dos olhos físicos, sentem as cores nas vibrações de energias compartilhadas... Talvez eu pudesse descrever o vermelho para um cego, como a sensível e delicada agitação de um palpitar gerado pelo desespero do prazer, quando se sente o desejo de querer alguém não por apenas ter, mas por ser necessário sentir...

Quando me deparo com a ignorância da falsa superioridade entre homens, não defino cores, não sinto odores e não percebo vida... Ouço apenas o vazio gritando a sua própria inexistência...

Decidi não ser vazio... Desenhar a minha vida e escrever o meu futuro...

Aquele que te apontou o caminho, é o mesmo que te dá a caixa de lápis... Não te amará menos ou mais se você optar pelo azul ou pelo rosa...

Tenho um coração colorido... Que me perdoem os que vivem no mundo preto e branco.

Daniel Sebastian Caldeira